Dependência química: O que é e como tratar?

novembro 2024

Leitura: 14 min.

A dependência química é um transtorno mental caracterizado pela dependência de um indivíduo a substâncias químicas.

Esse tipo de dependência causa vários prejuízos tanto na saúde mental quanto na vida social e emocional do dependente e também da família.

Embora seja considerada uma doença crônica incurável, ela é totalmente controlável possibilitando que o indivíduo tenha uma melhor qualidade de vida e também consiga viver livre das consequências negativas.

Por isso, se você deseja saber mais sobre dependência química, elaboramos um conteúdo completo sobre o assunto para você. 

O que é dependência química? 

A dependência química é uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que também é considerada como um transtorno mental, por uma reação química do metabolismo do corpo.

Nessa condição, um indivíduo é capaz de se tornar fisicamente e mentalmente dependente de substâncias químicas, como o álcool, nicotina e substâncias ilícitas.

Essa doença também carrega uma carga de preconceito, uma vez que o dependente químico muitas vezes é visto como uma pessoa fraca e com pouca força de vontade. 

É importante destacar que não se trata de uma escolha do dependente, as causas para a dependência química são diversas, tornando-a uma doença bastante complexa.

Além disso, ela é uma doença progressiva, ou seja, com o passar do tempo é provável que a dependência e os seus sintomas piorem. 

Causas da dependência química?

Como comentamos anteriormente, a dependência química pode estar relacionada a diversas causas que vão variar de indivíduo para indivíduo.

Além disso, pode existir uma predisposição genética ligada à dependência química tendo em vista que alguns genes são responsáveis por afetar a forma como o cérebro e o organismo respondem a determinadas substâncias. 

Fora o componente genético, ou biológico, estão também os fatores ambientais que também estão relacionados à dependência química. 

A exposição a substâncias químicas em um ambiente conflituoso onde há pouco apoio emocional pode aumentar os riscos de dependência. 

Além disso, a pressão social para utilizar substâncias ilícitas, principalmente em jovens também é um fator de risco. 

Experiências traumáticas, como abuso ou negligência durante a infância, também são causas frequentes, visto que essas experiências podem levar a pessoa a buscar alívio em substâncias nocivas.

Quais são os tipos de dependência química?

Os tipos de dependência química são classificados de acordo com a substância que é responsável por causar a dependência. Os mais comuns são: 

• Álcool
• Tabaco
• Medicamentos (ansiolíticos, antidepressivos, analgésicos)
• Substâncias ilícitas
• Cafeína
• Inalantes
• Repositores hormonais (esteroides e anabolizantes)
• Opioides (codeína, tramadol, metadona, fentanil, morfina e oxicodona)

Consequências da dependência química 

A dependência química pode causar diversas consequências ao indivíduo, mas uma das consequências mais notáveis é a mudança de comportamento.

Um dos primeiros aspectos da mudança de comportamento a ser perceptível é negligenciar as responsabilidades, sejam elas em casa, no trabalho ou na escola, podendo fazer com que a pessoa perca oportunidades. 

Isso ocorre, pois o uso da substância torna-se prioridade na vida de quem tem essa doença, um outro aspecto que é bastante notável são as alterações de humor.

Principalmente quando o dependente está a algum tempo sem utilizar a substância, isso ocorre, pois ela começa a desenvolver um quadro de síndrome da abstinência que pode envolver sintomas como ansiedade, irritabilidade, tremores e até mesmo sudorese. 

Esses sintomas ocorrem principalmente  porque o corpo já se acostumou com o uso da substância, e na maioria das vezes são eles que levam a pessoa a voltar a fazer uso da substância. 

 O isolamento social e também a perda de interesse são mudanças de comportamento que são perceptíveis em pessoas que desenvolvem a doença, e refletem a influência da substância na vida da pessoa. 

Isso pode acabar afetando negativamente o convívio social, com amigos, familiares e até mesmo relacionamentos amorosos. 

Principais sintomas de um dependente químico

Você já conhece algumas das consequências do uso de substâncias e da dependência química, destacamos também alguns dos seus principais sintomas. Confira:

• Queda na produtividade;
• Problemas financeiros;
• Dificuldade em suprir as necessidades básicas;
• Brigas com familiares e amigos;
• Contar mentiras;
• Cometer crimes e furtos;
• Crises de abstinência;
• Alterações comportamentais;
• Isolamento social;
• Abandono de atividades cotidianas;
• Desinteresse com a vida;
• Negligência consigo; 

Esses são provavelmente alguns dos sintomas mais marcantes e que vão ajudar a reconhecer um dependente químico.

Tratamento para dependência química

O primeiro passo para realizar um tratamento contra a dependência química é reconhecer que existe um problema e que algo não vai bem.

Em seguida, buscar entender o que pode ter desencadeado esse problema, tanto a auto reflexão quanto o autoconhecimento são fundamentais nesse processo e então buscar ajuda.

Por ser uma doença crônica, o acompanhamento profissional constante se faz essencial, principalmente nos primeiros anos de tratamento. 

De uma maneira geral não podemos citar apenas uma única abordagem, tendo em vista que o método vai variar de acordo com cada pessoa e quadro clínico apresentado. 

Quando o indivíduo não aceita ajuda imediatamente começa-se o tratamento por uma estratégia chamada de redução de danos, onde uma equipe multidisciplinar visa trabalhar para minimizar os danos causados pela substância ao mesmo tempo em que oferece suporte e orientação.

Desse modo, podemos concluir que os tratamentos mais indicados para tratar a dependência química são: 

• Tratamento terapêutico: Envolve sessões com psicólogos e psiquiatras que irão utilizar abordagens terapêuticas como a teoria cognitivo-comportamental que ajudam a modificar padrões de pensamento; 
• Desintoxicação: Etapa onde busca-se remover totalmente as substâncias do organismo, para que o corpo se adapte a sua ausência, é feita apenas sob supervisão médica para garantir a segurança do paciente;
• Terapia ocupacional: A terapia ocupacional é uma forma de contribuir com o desenvolvimento de habilidades práticas, para reintegrar socialmente o dependente e também restabelecer seus objetivos pessoais e profissionais.
• Atividade física: Contribuem para melhorar o humor e também liberam hormônios que ajudam a reduzir os sintomas de depressão e ansiedade, são eficazes para distrair os indivíduos. 
• Dinâmica em grupo: Um momento de compartilhar experiência e aprender com as experiências de outras pessoas, é como uma rede de apoio para o dependente químico. 

Dependência química tem cura?

A dependência química não tem cura, uma vez que você se torna dependente sempre será dependente, independente de estar ou não usando uma substância.

Embora não exista cura, existe tratamento que quando seguido conforme a orientação de maneira contínua e permanente pode obter o êxito.

Ou seja, a dependência química é uma doença controlável, onde é possível viver bem sem o uso de substâncias e sem as consequências negativas que ela pode trazer para sua vida. 

Qual a importância da família para o tratamento?

É importante que além do tratamento com um psicólogo especialista em dependência química, ou um psiquiatra, a família seja capaz de entender que pode vir a desempenhar um papel fundamental no tratamento.

A família não deve julgar a dependência química, uma vez que ela não se trata apenas de uma vontade de consumir uma substância, mas sim de uma incapacidade de não consumi-la. 

Portanto, ela não deve ser tratada como uma fraqueza para uma pessoa, e afirmar que é possível se livrar da dependência sozinho é um erro que muitas pessoas cometem, minimizando a dificuldade de tratamento que é esse problema. 

Portanto, se você conhece algum dependente químico é importante que você busque a orientação adequada com profissionais de saúde, pois eles irão fornecer estratégias para poder lidar com essa situação.

Muitas famílias tendem a se afastar sem considerar que muitas vezes a batalha com a dependência é eterna. 

Lembre-se que quando a pessoa chega no nível dependência química, é o ponto onde ela não consegue mais controlar a situação e não escolhe consumir ou não.

Portanto, o apoio e empatia de familiares nesse momento é essencial para que seja possível obter mais chances de sucesso durante o tratamento. 

Agora você já sabe o que é a doença e como tratar

Através desse conteúdo buscamos esclarecer o que é a dependência química e como ela pode afetar um indivíduo, mas também as pessoas presentes no seu convívio social.

Para que o tratamento seja eficaz, é essencial afastar-se das desinformações e buscar atendimento médico profissional. 

Portanto, se você é dependente químico, ou conhece alguém que seja, converse com um profissional da saúde para receber o auxílio adequado.