Poliomielite: tratamento e sintomas

fevereiro 2023

Leitura: 15 min.

A poliomielite é uma doença que afeta principalmente crianças menores de 5 anos de idade, e pode causar danos permanentes ou letais nos acometidos.

Tendo em vista a periculosidade dessa doença, as autoridades de saúde internacionais buscam sua total erradicação através de medidas preventivas.  

Desse modo, é fundamental buscar informações completas sobre essa doença para evitar com que você ou alguém próximo possa ser acometido por ela e conhecer qual é o cenário do Brasil quanto a transmissão do vírus.

Foi pensando nisso que preparamos um conteúdo completo sobre poliomielite com todas as informações que você precisa saber sobre a doença. 

O que é poliomielite?

A poliomielite, também conhecida como pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada por vírus.

O vírus é de RNA de cadeia simples em sentido positivo, sem envelope e com uma cápsula de proteína, e é denominado de Poliovírus. 

Essa doença pode acometer tanto adultos quanto crianças, embora ela seja mais comum em crianças. 

Como consequência da infecção por esse vírus, e em seus casos mais graves, ela pode resultar em paralisia muscular, principalmente dos membros inferiores.

Segundo os registros do Ministério da saúde, no Brasil não há registro da circulação do vírus desde 1990.

Poliomielite transmissão

A transmissão da Poliomielite se dá através do contato direto com as fezes ou secreções eliminadas pela boca de pessoas contaminadas pelo vírus, ou seja, por via oral-fecal ou oral-oral.

Desse modo, ela pode ocorrer pelo contato com objetos, alimentos e água contaminados por secreções ou fezes de pessoas contaminadas.

Por esse motivo, a falta de saneamento básico, más condições de higiene habitacionais e de higiene pessoal são fatores que contribuem para a transmissão do poliovírus. 

Quais são os sintomas da poliomielite?

Quem é acometido pelo vírus da poliomielite pode desenvolver sintomas variados de acordo com as apresentações clínicas dessa doença.

É possível até mesmo desenvolver a forma assintomática, que é bastante comum e faz com que a doença passe despercebida, o que torna a doença mais fácil de ser transmitida.

Pois, sem o conhecimento de que é transmissor e portador do vírus as pessoas não tomam os cuidados necessários para evitar a transmissão. 

Alguns estudos mostram que 5 a 10 em cada 100 pessoas infectadas com esse vírus podem apresentar sintomas semelhantes aos da gripe, desenvolvendo sintomas como:

• Febre;
• Mal-estar;
• Dor de cabeça;
• Dor de garganta e no corpo;
• Vômitos;
• Diarreia;
• Constipação (prisão de ventre);
• Espasmos;
• Rigidez na nuca;
• Meningite.

Em aproximadamente 1 a 200 casos, o vírus destrói partes do sistema nervoso, causando paralisia permanente nas pernas ou braços. 

Na forma paralítica, que causa flacidez muscular resultando em paralisia dos membros inferiores, os sintomas se manifestam da seguinte forma:

• Instalação súbita de deficiência motora;
• Febre;
• Assimetria da musculatura dos membros, com mais frequência os inferiores;
• Flacidez muscular;
• Redução dos reflexos profundos na área paralisada;
• Sensibilidade conservada;
• Persistência de paralisia residual após 60 dias do início da doença.

Em casos raros, o vírus pode atingir regiões do cérebro responsáveis por comandar o processo de respiração, e pode levar o paciente a óbito. 

Por que a poliomielite pode causar paralisia muscular?

Ao contrair o vírus, ele espalha rapidamente pelo organismo hospedeiro, alojando-se no intestino.

Ao se replicar-se no intestino ele pode penetrar e atingir a corrente sanguínea e consequentemente chegar até o sistema nervoso central.

No sistema nervoso central ele vai atacar o destrói os neurônios motores e provoca paralisia flácida em um dos membros inferiores.

Como é diagnosticada a Poliomielite?

Se você está com suspeita de poliomielite é necessário procurar um médico imediatamente para realizar o diagnóstico e comprovar a doença.

Mesmo que não haja casos de poliomielite no Brasil desde a década de 90, o vírus da poliomielite ainda circula pelo mundo. 

O infectologista é o profissional adequado a indicar os exames que irão detectar a presença do vírus. 

A poliomielite torna-se uma doença suspeita sempre que há paralisia flácida de surgimento agudo com diminuição ou abolição de reflexos tendinosos em crianças ou adolescentes menores de 15 anos.

Para confirmar a infecção pelo vírus são necessários fazer exames laboratoriais, como:

• Isolamento do vírus e sequenciamento do material genético, através da coleta das fezes. 
• Exames inespecíficos através do líquor
• Eletromiografia que detecta doenças que afetam o neurônio motor inferior 

Poliomielite tratamento 

Infelizmente, ainda não existe tratamento específico para eliminar o vírus, e portanto todas as pessoas infectadas devem ser hospitalizadas.

No hospital, essas pessoas receberam tratamento adequado com base nos sintomas desenvolvidos.

O período de incubação desta doença leva de 3 a 35 dias, e dentro desse período é fundamental que  o paciente tenha um quadro de saúde estável tendo em vista que a maioria dos casos evoluem para cura naturalmente.

Por isso é importante seguir orientações como:

• Manter o corpo em repouso absoluto
• Manter uma alimentação saudável
• Fazer uso de analgésicos e antitérmicos, 
• Fazer acompanhamento com fisioterapeuta. 

A poliomielite tem cura?

Como já foi comentado, o tempo de incubação do vírus é de no máximo 35 dias, e durante esse tempo a pessoa pode desenvolver diferentes tipos de sintomas, ou ser assintomático.

A maioria dos sintomas tendem a sumir com o passar do tempo, apenas apresentam sequelas aquelas pessoas que desenvolvem infecção na medula e no cérebro a partir do poliovírus. 

Nesses casos, as alterações e sequelas motoras normalmente são incuráveis. Dentre o grupo de sequelas mais comum estão: 

• Dores nas articulações;
• Pé torto;
• Crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
• Osteoporose;
• Paralisia de uma das pernas;
• Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta;
• Dificuldade de falar;
• Atrofia muscular;
• Hipersensibilidade ao toque.

A fisioterapia ajuda a diminuir o efeito causado pelas sequelas da poliomielite, assim é possível desenvolver a força dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando assim a qualidade.

Dependendo do caso, os médicos também podem receitar medicamentos para o alívio da dor. 

O que é a síndrome pós poliomielite?

A síndrome pós-polio é uma desordem neurológica que acomete indivíduos ou pessoas que tiveram poliomielite há aproximadamente 15 anos.

Ela começa a se desenvolver por volta dos 40 anos, e, geralmente, em pessoas que desenvolveram alguma forma aguda da doença sem comprometimento das funções musculares ou assintomáticas.

A principal característica da síndrome é a presença de um novo quadro sintomatológico onde há principalmente perda das funções motoras.

Isso acontece, pois o poliovírus pode destruir alguns neurônios motores na primeira infecção e os demais precisam compensar a falta desses neurônios.

Desse modo, a pessoa acometida pela síndrome pós-pólio pode apresentar:

• Fraqueza muscular crônica e progressiva; 
• Fadiga; 
• Dores musculares e nas articulações.

O indicado é procurar um neurologista para que ele possa constatar e diagnosticar a síndrome pós-pólio.

Além disso, é possível estabelecer medidas para melhorar a qualidade de vida de quem é acometido por essa síndrome. Como:

• Reduzir o gasto de energia;
• Organizar horários de repouso;
• Consultar com um fisioterapeuta para melhorar o condicionamento físico;
• Evitar esforço repetitivo;
• Exercitar os músculos evitando o atrofiamento;

Assim como não há um tratamento específico para a poliomielite, essas medidas apenas ajudam a aliviar o quadro que tende a ser progressivo e evoluir.

Vacina poliomielite

A prevenção da poliomielite se dá através da vacinação. Portanto, no Brasil todas as crianças com menos de cinco anos de idade devem seguir o esquema vacinal e tomar a vacina contra a poliomielite.

Calendário vacinal brasileiro

Existem dois tipos de vacinas? A vacina VIP ou Salk, administrada via intramuscular, ou seja injetável, é  indicada para adultos que não tomaram a vacina quando crianças ou pessoas com baixa imunidade e expostas ao vírus. 

A administração da vacina em crianças, ocorre em três doses aos 2, 4 e 6 meses de idade.

E também é utilizada a vacina oral bivalente – VOP (gotinha) que faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, e protege contra três tipos de poliovírus.

A vacina é aplicada aos 2,4,6, e 15 meses de idade, e deverá anualmente receber doses de reforço até completar 5 anos de idade.

Vacinação para viajantes

Como medida de para evitar que o vírus volte a se espalhar em território brasileiro a Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI), orienta os serviços de saúde e usuários sobre a vacinação de viajantes internacionais contra poliomielite, provenientes ou que se deslocam para áreas com circulação de poliovírus selvagem e derivado vacinal.

Ou seja, em caso de viagem existe a recomendação de vacinação com a emissão do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia para a última dose da vacina contra a poliomielite, a todo viajante residente no país.

Agora você já sabe como prevenir a doença

Neste artigo, buscamos apresentar de maneira simples e objetiva o que é a poliomielite, quais são seus sintomas e principais sequelas e ainda ressaltamos que a principal maneira de prevenir a doença é através da vacinação.

Por isso, se você for viajar para algum país onde o vírus ainda apresenta alguma prevalência não esqueça de se vacinar contra o vírus.