Teste de dislexia: Saiba como fazer!

março 2023

Leitura: 16 min.

Fazer um teste de dislexia é muito importante principalmente para aquelas pessoas que possuem alguma dificuldade de aprendizagem.

Pois, a dislexia é considerada um distúrbio resultante de uma alteração cromossômica hereditária que acomete de 0,5% a 17% da população mundial. 

Cujos sintomas são mais evidentes, principalmente, durante as etapas da alfabetização, entretanto também não é incomum  obter um diagnóstico tardio na fase adulta.

Desse modo, se você já investigou os sintomas e está em dúvidas se tem ou não dislexia, é indispensável realizar o teste e em seguida procurar apoio profissional.

Pois, apesar de não ter cura, é possível melhorar os sintomas com o apoio de uma equipe multidisciplinar.

E, foi pensando nisso que preparamos um conteúdo completo para que você possa saber como realizar o teste de dislexia.

Por que fazer o teste de dislexia é importante?

A dislexia é um transtorno genético que tem origem neurobiológica, e caracteriza-se pela dificuldade de decodificar um estímulo escrito ou um símbolo gráfico.

Essa dificuldade de decodificar estímulos faz com que a capacidade de aprendizagem seja comprometida, e tende a afetar o desempenho escolar.

Ou seja, a dislexia compromete principalmente a capacidade de aprender a ler e escrever, além de interferir na habilidade compreensão e interpretação de um texto. 

Podendo afetar um indivíduo em diferentes níveis, desde os mais leves aos mais graves que são aqueles relacionados aos problemas de leitura e escrita.

Por isso, em alguns casos leves, é possível que a criança consiga “compensar” com esforço as dificuldades de aprendizagem, entretanto não é o que ocorre na maioria das vezes.

Desse modo, pode haver um desestímulo e desinteresse por parte da criança na escola e nos estudos, há também relatos de que estudantes com dislexia estão mais propensos a desenvolverem ansiedade dentro do ambiente escolar.

Todos esses fatores, aliados à dificuldade de aprendizagem, podem interferir tanto no convívio social, quanto impactar as escolhas da vida adulta.

Por isso, é importante que a dislexia seja diagnosticada o quanto antes para que se possa fazer um tratamento adequado e minimizar os sintomas.

Assim, a realização de um teste de dislexia para jovens e adultos é fundamental para que seja possível buscar tratamento com os profissionais especializados. 

Para quem o teste de dislexia é indicado? 

Existem diversos modelos de testes de dislexia, e cada um deles pode ter uma abordagem diferenciada sobre a avaliação.

Na maioria dos testes é possível utilizá-los em crianças em fase de alfabetização como um pré-diagnóstico, uma vez que o diagnóstico completo exige o esforço de uma equipe multidisciplinar e envolve a avaliação de profissionais de diversas áreas.

De uma maneira geral, o teste pode ser indicado para alguém que apresente alguns dos sintomas comuns de dislexia podendo ser eles:

• Dificuldade de  reconhecimento de palavras, de soletração e decodificação
• Lentidão na leitura e na escrita
• Inversão de letras e números com sons ou grafias parecidas
• Problemas de memorização.
• Dificuldade em leitura fluente
• Fala utilizando frases hesitantes; 
• Deixa frases incompletas; 
• Gagueja sob estresse; 
• Baixa capacidade de escrita e habilidades motoras
• Pode ser ambidestro
•  Confunde esquerda/direita.
• Tem dificuldade em gerenciar o tempo
• Tem dificuldade em aprender informações ou tarefas sequenciadas, ou estar no horário. 

Ainda que uma pessoa com dislexia possa manifestar outros sintomas, qualquer pessoa que apresente problemas de aprendizagem podem realizar o teste.

Como é realizar o teste de dislexia de Bangor?  

O Bangor Dyslexia Test é um dos testes mais clássicos para avaliar a dislexia, podendo ser aplicado por professores e outros profissionais em crianças com idade a partir de 8 anos.

O teste é realizado em forma de etapas, consistindo de 10 etapas no total onde cada etapa irá avaliar uma capacidade ou habilidade diferente.

O resultado final é obtido com base no desempenho do avaliado em cada uma das etapas.

Conheça as 10 etapas do teste

Conheça cada etapa:

• Direita e esquerda: Testa percepção de direita e esquerda utilizando as partes do corpo. Por exemplo: Pede-se para o avaliado apontar para a orelha direita do avaliador com a mão esquerda.  Pode-se realizar 8 itens. 

• Repetição de palavras polissilábicas: Testa a capacidade de repetir palavras polissilábicas palavras como “preliminar” e ‘filosófico’. 5 itens.

• Subtração: Testa  se o estudante apresenta a capacidade de completar verbalmente problemas de subtração. Por exemplo. “52 menos 9”. Seis itens.

• Tabuada: Teste a habilidade de recitar a tabuada do 6, 7 e 8. Testa as habilidade de trabalho verbal, memória e habilidade aritmética.

• Indicação de meses subsequentes: Testa a habilidade de recitar os meses do ano na ordem correta. Realiza-se apenas 1 vez. 

• Indicação de meses antecedentes: Testa a capacidade de recitar os meses do ano na ordem reversa, analisa a capacidade verbal de memória. Realiza-se apenas uma vez.

• Dígitos em ordem direta: Testa a capacidade de repetição dos dígitos na ordem de apresentação. Deve se realizar duas vezes, com 6 números distintos. Ex: “1”,“2”, “3”, “4”, “5”, 6” e “7”, “8”,”9”, “10”, “11”, “12”.

• Dígitos em ordem reversa: Testa a capacidade de repetir os números na ordem reversa da apresentação.  Deve se realizar duas vezes, com 6 números distintos. Ex:: Os números “1”,“2”, “3”, “4”, “5”, 6”, a ordem recitada pelo avaliado deve ser de trás para frente, ou seja “6”, “5”, “4”, “3”, “2”, “1”. 

• Confusão entre b e d: É apenas perguntando para o avaliado se ele confunde a letra ‘b’ e ‘d’ ou se isso ocorreu próximo aos 8 anos de idade. 

• Evidências familiares: Pergunta-se se há evidências de que mais alguém da família enfrentou as mesmas dificuldades. 

Orientações e resultado

Qualquer pessoa pode realizar esse teste para verificar se há indicadores de dislexia, entretanto há a necessidade de realizar o teste na de uma segunda pessoa que possa fazer a sua aplicação.

Para avaliar os resultados é possível fazer uma tabela simples com 3 colunas com as categorias: “Sim para dislexia”, “Tive dificuldades” e “Nenhuma dificuldade”.

E, a tabela deverá ter o total de 10 linhas que representam cada etapa do teste, cada etapa deve ser avaliada com base no seu desempenho individual.

Desse modo, deve-se avaliar o seu desempenho com base no resultado, que pode indicar uma possível ou provável dislexia.

Lembre-se de que esse teste não substitui a avaliação realizada por profissionais como o psicólogo, que poderá direcionar e requisitar avaliação de outros profissionais.

Outras opções de teste de dislexia

Além do teste de Bangor, que apresentamos acima, existem outros instrumentos utilizados para realizar uma avaliação. 

CoPS1

O teste The Cognitive Profiling System for Assessment of Dyslexia and Special Education Needs, ou CoPS1 é um teste que possui validação britânica e norte-americana.

O foco do teste é atender principalmente para crianças na faixa etária de 5 a 8 anos de idade. 

Esse teste é composto por uma sequência de 10 subtestes que envolvem:

• Coelhos: avaliação da memória sequencial (espacial e temporal)
• Amigos do Zoid: avaliação da memória sequencial de 55 cores 
• Caixa de brinquedo: avaliação da memória associativa (forma e cores)
• Letras do Zoid: avaliação da memória sequencial de símbolos; 
• Nome das letras do Zoid: Memória associativa (símbolos e nomes); 
• Corridas: memória sequencial (nomes); 
• Rima”: consciência fonológica; 
• Fechadura: Discriminação auditiva; 
• Palhaço: discriminação de cores (teste suplementar). 

IDT

O International Dyslexia Test (IDT) (Smythe & Everatt, 2000), destinado também a avaliação de crianças.

Por meio desse teste é possível avaliar diversas habilidades cognitivas, e se divide em duas partes, uma coletiva e outra individual. 

A parte coletiva é composta por cinco subtestes:

• Alfabeto: a criança deve escrever todas as letras do alfabeto; 
• Cópia de formas: a criança deve copiar quatro tipos de formas geométricas; 
• Aritmética: a criança deve resolver 20 problemas aritméticos simples (possui as quatro operações – adição, subtração, multiplicação e divisão); 
• Ditado: a criança deve escrever 30 palavras e 10 pseudopalavras ditas pelo aplicador; 
• Memória fonológica de curto prazo (digit span): composta por 16 sequências de dígitos, de dois a nove dígitos cada uma, em que a criança deve escrever após ditadas pelo examinador. 

Enquanto que a parte individual é composta pelos seguintes subtestes:

• Leitura de palavras
• Leitura de pseudopalavras
• Aliteração
• Rima
• Contagem regressiva
• Repetição de palavras
• Repetição de pseudopalavras
• Batidas rítmicas
• Nomeação rápida de figuras
• Nomeação de números
• Desenho de memória de formas
• Sequência de formas
• Habilidades motoras,
• Discriminação de sons,
• Repetição inversa de números
• Sequências. 

Fiz o teste de dislexia, qual a próxima etapa?

Se você fez o teste e verificou que provavelmente tem dislexia, não se preocupe, pois com uma equipe adequada você poderá buscar os tratamentos necessários para melhorar o seu quadro.

Uma dúvida muito comum é saber “Onde fazer teste de dislexia” e “Qual profissional faz teste de dislexia”.

O diagnóstico de dislexia normalmente é feito por uma equipe multidisciplinar, levando em consideração que a equipe pode conter profissionais como médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo e neurologista.

Ele deve ser realizado de maneira responsável, onde deve-se descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem, e assim dar um diagnóstico impreciso. 

Desse modo, a próxima etapa deve consistir em procurar a orientação profissional e especializada.

Agora você já sabe como funciona o teste de dislexia

Nesse conteúdo buscamos apresentar de maneira simples e objetiva como realizar a identificação de sinais de dislexia por meio do teste de dislexia de Bangur.

O ideal é que você procure por um psicólogo especializado para ter o diagnóstico adequado conforme a avaliação profissional.

Apesar de não ter cura, é possível melhorar os sintomas para que o processo de aprendizagem se torne menos custoso e difícil.