Transtorno bipolar: O que é e quais são os sintomas?

fevereiro 2024

Leitura: 15 min.

O transtorno bipolar é um tipo de distúrbio psiquiátrico que se caracteriza pelas alterações de humor de maneira súbita.

Esse distúrbio pode causar reflexos negativos no comportamento do indivíduo que além de afetar a sua qualidade de vida, interfere no seu convívio social.

Apesar de bastante conhecida, o diagnóstico é bastante demorado, pois é necessário afastar a suspeita de outras condições. 

E, para que você possa conhecer mais informações sobre esse transtorno e compreender do que ele se trata, elaboramos um conteúdo completo sobre esse assunto. 

O que é transtorno bipolar?

O transtorno bipolar, também conhecido como “transtorno bipolar afetivo” e previamente chamado de psicose maníaco-depressiva, é um tipo de distúrbio psicológico completo que é caracterizado principalmente pelas mudanças extremas de humor.

Essas alterações de humor impactam diretamente na qualidade de vida e também nas relações sociais do indivíduo, podendo interferir na capacidade de realizar as tarefas do dia a dia, bem como implicar na perda da capacidade de julgamento.

Embora existam diferentes tipos de transtorno bipolar, todos eles envolvem mudanças claras de humor, na energia e também nos níveis de atividade. 

As crises de transtorno bipolar se alternam entre episódios de depressão, onde observa-se períodos muitos tristes, ou desesperança, e períodos de mania, caracterizado por um comportamento exaltado e energizado, a períodos hipomaníacos que são episódios menos severos de mania.

Dentro desse contexto, sabe-se que as crises podem variar de intensidade (leve, moderada e grave), frequência e duração.

Pessoa com problema de transtorno bipolar
Imagem de Freepik

Quais são os tipos de transtorno bipolar? 

De acordo com o transtorno bipolar CID-10  e DSM.IV (manuais internacionais de classificação diagnóstica), é possível classificar a condição nos seguintes tipos:

Transtorno bipolar Tipo I

O transtorno bipolar tipo 1 sintomas é caracterizado por episódios maníacos que duram pelo menos 7 dias, podendo ser necessário que a pessoa busque cuidados hospitalares. 

Já os episódios depressivos tendem a durar de dias semanas a até vários meses com sintomas intensos que provocam tanto mudanças comportamentais quanto de conduta.

Podem influenciar os relacionamentos familiares, afetivos, sociais e também o desempenho profissional. 

Durante os episódios depressivos também pode ser necessário a internação hospitalar uma vez que o risco de suicídio e complicações psiquiatricas aumenta. 

Além de episódios depressivos e de mania, também pode ser que ocorra episódios com características mistas.  

Transtorno bipolar Tipo II

O transtorno bipolar tipo 2 é definido por uma alternância entre os episódios de depressão e episódios hipomaníacos (estados mais leves de mania, euforia, excitação, otimismo e até agressividade).

Nesse tipo, não são observados episódios de mania e, na maioria das vezes, ele não causa prejuízos maiores ao portador.

Transtorno ciclotímico

É o tipo de transtorno bipolar mais leve, ele é marcado por oscilações crônicas do humor que podem ocorrer até mesmo no mesmo dia. 

O paciente alterna entre períodos hipomaníacos, bem como períodos de sintomas depressivos, muitas vezes são compreendidos por um temperamento instável ou irresponsável.

Nesse tipo, os sintomas não atendem aos requisitos diagnósticos para um episódio hipomaníaco e um episódio depressivo.

Transtorno bipolar não especificado ou misto

Ocorre principalmente quando o indivíduo apresenta sintomas de transtorno bipolar, mas esses não são suficientes nem em número e nem em tempo de duração para classificar a condição.

O que causa o transtorno bipolar?

Existem diversos fatores que podem estar associados ao transtorno bipolar, e até mesmo um conjunto deles podem ser as principais causas. Entre esses fatores podemos citar:

  • Genética: Alguns estudos sugerem que há uma predisposição genética naqueles que já possuem membros da família com a condição. São observadas alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de neurotransmissores;
  • Modificações biológicas: Pacientes com essa condição mostram algumas mudanças físicas nos seus cérebros. 
  • Desequilíbrio cérebro-químico:  Desequilíbrio químico dos neurotransmissores é uma das causas dessa condição.
  • Desequilíbrio hormonal: Também pode ser considerado um dos principais motivos e causas do transtorno bipolar;
  • Fatores ambientais: Experiências traumáticas como abuso, estresse mental, uma “perda significativa”;

Portanto, é difícil afirmar quais são as causas do transtorno bipolar, uma vez que ele pode estar associado a diferentes fatores, que podem influenciar no desenvolvimento dessa condição.

Sintomas de transtorno bipolar

De uma maneira geral, os sintomas de transtorno bipolar começam a se manifestar tanto em homens quanto em mulheres entre os 15 e 25 anos, mas eles também podem afetar crianças e pessoas com mais idade.

Podemos classificar os sintomas de acordo com cada fase do transtorno bipolar:

Depressão

A depressão no transtorno bipolar é caracterizada principalmente pela presença de um humor deprimido, pode apresentar tristeza profunda, apatia, desinteresse e isolamento social.

Não é incomum que sejam observados outros sintomas como alterações do sono e do apetite, redução da llíbido, dificuldade de concentração, cansaço, sentimentos recorrentes de inutilidade, frustração e falta de sentido para a vida.

Mania

A mania é caracterizada por um estado de euforia exuberante com uma valorização da autoestima e também autoconfiança.

Durante os episódios de mania é possível observar pacientes que apresentam pouca necessidade de sono, agitação motora, descontroles ao coordenar as ideias, desvio da atenção, e compulsão para falar.

Além disso, comportamentos agressivos, irritabilidade e impaciência são característicos de episódios de mania.

O indivíduo em mania pode realizar atitudes que se reverterão em danos para si próprio e também às pessoas próximas. 

Hipomania

A hipomania no transtorno bipolar apresenta sintomas semelhantes aos da mania, entretanto eles são mais leves e sutis, não interferindo tanto na qualidade de vida do paciente.

Em geral, o indivíduo em hipomania tende a se mostrar mais eufórico, falante, sociável e ativo do que o habitual.

A crise tende a ser breve, durando apenas poucos dias e geralmente não quer a hospitalização do indivíduo. 

Pessoa se olhando através do espelho

Diagnóstico do transtorno bipolar

O diagnóstico de transtorno bipolar é clínico e baseia-se no relato de sintomas pelo próprio paciente ou pessoas próximas, bem como um breve histórico sobre o comportamento do paciente. 

O primeiro passo, portanto, consiste em procurar o auxílio de um psicólogo, ou um psiquiatra para que ele possa fazer uma avaliação prévia e então afastar a possibilidade de outros distúrbios, como esquizofrenia, depressão maior, síndrome do pânico e distúrbios da ansiedade.

Por isso, é importante que o psiquiatra possa estabelecer um diagnóstico diferencial, antes de propor qualquer tipo de tratamento ou medida terapêutica. 

Durante a consulta médica, ele também poderá verificar se alguns dos medicamentos tomados podem contribuir com os sintomas.

Tratamentos para transtorno bipolar

O transtorno bipolar afetivo é uma condição que ainda não tem cura, entretanto existe tratamento que contribui para a melhora dos sintomas.

O tratamento poderá envolver diversas abordagens, bem como a inclusão de uma equipe multidisciplinar.  Podemos destacar os seguintes tratamentos:

Uso de medicamentos

Para tratar essa condição existem diversas opções de classes de medicamentos, como:

  • Estabilizadores de humor: Recomenda-se o uso de Lítio para reduzir sintomas de mania e também de depressão, pois ajuda a evitar as variações de humor. Levando em média 1 semana para fazer efeito. 
  • Medicamentos anticonvulsivantes: O valproato e carbamazepina agem como estabilizadores de humor, tratam a mania quando ela ocorre pela primeira vez ou para tratar a mania e a depressão quando elas ocorrem juntas (estado misto). Ao contrário do lítio, esses medicamentos não prejudicam os rins. 
  • Antipsicóticos: Episódios súbitos de mania podem receber tratamento através do uso de antipsicóticos de segunda geração, como aripiprazol, a lurasidona, a olanzapina, a quetiapina, a risperidona, a ziprasidona e a cariprazina.
  • Antidepressivos: Às vezes, determinados antidepressivos tratam a depressão grave em pessoas que apresentam essa condição, mas seu uso é controverso. Portanto, indicam-se o uso desses medicamentos somente por curtos períodos.

A aquisição desses medicamentos se dá apenas através da apresentação e recolhimento de receita médica.

Psicoterapia

A psicoterapia é uma opção para tratar pessoas como transtorno bipolar, principalmente aquelas que utilizam estabilizadores do humor, sobretudo para ajudá-las a seguir o tratamento.

A terapia em grupo é também muito importante no sentido em que a família possa entender como lidar com uma pessoa que tem essa condição e oferecer o seu apoio.

Enquanto isso, a psicoterapia individual pode ajudar a pessoa a enfrentar melhor os problemas da vida cotidiana, bem como as consequências de suas ações em crises de mania. 

Mudanças no estilo de vida

O paciente com transtorno bipolar deverá fazer mudanças no seu estilo de vida, por exemplo evitar o uso de estimulantes como a cafeína, nicotina e o álcool para ajudar a dormir o suficiente.

Saber reconhecer os sintomas assim que eles aparecem, e também conhecer maneiras de ajudar a evitá-los.

Seguir com o acompanhamento psicológico e também psicoterápico para melhorar a qualidade de vida.

Além disso, é importante cuidar da alimentação, ter uma rotina de descanso e cuidado com a sua saúde mental. 

Agora você já sabe o que é transtorno bipolar

Através desse conteúdo, buscamos apresentar o que é transtorno bipolar, quais são seus sintomas e quais são as possibilidades de tratamento.

Se você conhece alguém que está precisando de ajuda, converse com essa pessoa e o incentive a buscar ajuda com um psiquiatra ou psicólogo.

Apesar de não ter cura, é possível conviver bem com essa condição e minimizar os danos sociais e também a qualidade de vida. 

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