Apego evitativo: o que é e como lidar?

agosto 2024

Leitura: 13 min.

O apego evitativo é um dos tipos de apego que pode influenciar negativamente nas relações sociais de uma pessoa.

Isso ocorre, pois pessoas com apego afetivo geralmente tendem a se afastar de alguém que se aproxima demais.

Com isso, acabam ficando isoladas e perdendo oportunidade de dar andamento na sua vida pessoal que pode ser bastante prejudicial para a saúde mental.

Sendo assim, é importante entender quais são as características do apego evitativo e como é possível contornar essa situação.

Foi pensando nisso que elaboramos um conteúdo completo sobre esse assunto para que você possa se manter informado.

O que é apego evitativo?

O apego evitativo, ou desapegado, é um dos tipos de apego que fazem parte do “sistema de apego comportamental”.

De acordo com os psicólogos, Phillip Shaver e Cindy Hazan em 1987, o amor romântico é um processo de apego. As pessoas podem vivenciá-lo de maneira diferente devido às variações nas nossas vivências.

Ou seja, o apego estaria fortemente relacionada a maneira como nos relacionamos com nossos pais na infância pode ser replicada em nossos relacionamentos amorosos.

Muito antes dessa teoria, John Bowlby foi o primeiro a se interessar sobre o tema e desenvolveu uma teoria sobre ele, estabelecendo que temos uma predisposição genética para o desenvolvimento de vínculos.

Posteriormente Mary Ainworth identificou que existem três tipos principais de apego: o apego seguro, o ambivalente e o evitável.

Enquanto o primeiro tipo é o mais comum, o apego evitativo é um dos tipos de apego menos comum, mas que contempla um número considerável de indivíduos.

Homem com apego evitativo

Quais são os sintomas do apego evitativo?

O apego evitativo sintomas, ou características dele são bastante fáceis de identificar uma vez que uma pessoa pertencente a esse grupo costuma associar a intimidade a uma perda de independência.

Isso faz com que elas mantenham uma certa distância de seus parceiros, mesmo que elas queiram estar dentro do relacionamento, se consideram emocionalmente autossuficientes e pouco vulneráveis, por isso tendem a evitar intimidade.

Podem até mesmo se sentir ameaçados sempre que outra pessoa se aproxima emocionalmente, e tendem a basear seu valor em suas conquistas pessoais, ao invés de buscar aceitação dos outros.

Ainda podemos citar algumas características clássicas de quem tem apego evitativo:

  • Preferência por manter uma certa distância;
  • Evitar intimidade;
  • Tendência ao isolamento sempre que alguém tenta se aproximar;
  • Não conta com os outros para suporte;
  • Desconfortável ao se abrir com os outros e expressar pensamentos privados;
  • Comportamentos desapegados e indiferentes;
  • Expressões emocionais mínimas; 
  • Ver a si mesmo como independente e auto suficiente
  • Dificuldade para confiar e depender dos outros

E lembre-se que isso não quer dizer que eles não possam ser carinhosos, amáveis ou ter momentos onde se aproximam mais dos parceiros, eles são pessoas comuns.

Desse modo, o que comumente ocorre é que eles permitam a aproximação, mas com certos limites, ou quando o relacionamento se torna mais sério eles têm uma tendência maior a fechar-se para si.

Nesses momentos, podem até mesmo tentar achar um motivo para terminar o relacionamento.

Qual é o impacto da criação no apego evitativo?

A teoria do apego evitativo, diz que  o desenvolvimento desse, e de outros tipos de apego, tem muito a ver com a criação e nosso relacionamento com nossos pais.

Geralmente, as pessoas que possuem o estilo de apego evitativo, foram aquelas cujas emoções podem ter sido negligenciadas em algum momento. 

É bastante comum  que filhos onde o pai/mãe espera que a jovem criança se comporte de maneira independente, séria e reservada, gere adultos com apego evitativo. 

Desse modo, eles aprendem a manter as suas necessidades emocionais para si mesmo, e até podem sentir vergonha de expressá-las.

Ou seja, não enxergam os próprios pais como uma rede de apoio ou suporte, o que acaba prejudicando o desenvolvimento da criança. 

É bastante provável que os cuidadores também tenham passado por esse tipo de criação, e portanto isso gera uma reação em cadeia que é passada de geração para geração.

Por isso, é importante reconhecer quais comportamentos dos pais podem gerar um impacto negativo no desenvolvimento da criança. Conheça alguns: 

  • Não responder quando a criança chora;
  • Desencorajar o choro;
  • Não mostrar reações emocionais a questões ou marcos que a criança alcança; 
  • Fazer piada dos problemas da criança, ou minimizá-los;
  • Mostrar desinteresse ou tédio quando a criança está passando por algum problema;
  • Evitar o contato físico ou toque;
  • Gritar com a criança sempre que ela se aproximar, ou buscar acolhimento;

Esses padrões precisam ser quebrados e desestimulados para que uma criança tenha uma menor chance de desenvolver apego evitativo. 

Quais são os efeitos na vida adulta?

Além da dificuldade em criar intimidade, e do relacionamento, pessoas com apego evitativo podem enfrentar diversos conflitos.

Tudo isso, pois acreditam que não demonstrando ou minimizando suas emoções irão conseguir se proteger contra um eventual sofrimento.

Crianças que cresceram sob esses padrões, frequentemente viram adultos incapazes de expressar emoções, bem como de identificar as suas próprias emoções e as de outras pessoas.

Como costumam se afastar das outras pessoas de maneira natural tendem a  insensíveis em relação às outras pessoas e muito indiferentes em relação aos seus próprios sentimentos

Elas fogem de diálogos reais e se espantam com imprevistos, ao invés de expressar sua insatisfação com palavras, fazem com birras e  ou criam falsos problemas.

E, embora vistos de forma possam parecer bastante confiantes, fortes e íntegros, muitas vezes acabam sofrendo por fazer ou fazendo as pessoas ao seu redor sofrer.

Não ser capaz de construir um relacionamento duradouro, significativo e profundo, pode gerar danos emocionais para uma pessoa com apego afetivo. Os danos emocionais mais comuns são ansiedade, depressão e isolamento.

Mulher segurando coração partido

Como lidar com apego evitativo?

Mudar o estilo de apego é possível, e às vezes ele pode correr até mesmo de uma forma natural quando se perde alguém que se gosta muito, por conta desse comportamento.

Entretanto, na maioria das vezes, é preciso restaurar a relação existente entre você e o seu interior, e entender qual caminho fez com que você desenvolvesse esse tipo de apego.

Pois a pessoa com apego evitativo precisa aprender a considerar as suas emoções, só assim será possível considerar as emoções das pessoas ao seu redor.

Assim, é muito importante abrir a mente, e mudar os próprios padrões de comunicação com as pessoas que convivem com você. 

Pode parecer simples, mas é um caminho bastante longo considerando que a pessoa terá que ressignificar alguns sentimentos e emoções e isso pode levar algum tempo até que você consiga ver mudanças.

Alguns exercícios pode ajudar:

  • Questione o que você sente: Importante para quem tem apego evitativo começar a observar as próprias emoções e sensações físicas que surgem com a intimidade emocional. Questione se elas são mesmo ruins, e entenda porque você as considera ruins. 
  • Entenda o que você precisa: Cada indivíduo age de uma maneira, e a necessidade de uma pessoa não é a mesma, por isso é importante explorar, compreender, e eventualmente expressar necessidades emocionais.
  • Faça mudanças:  Em algum ponto, o adulto evitativo pode estar apto a começar a construir relacionamentos mais próximos com as pessoas, para que isso aconteça, respeite seus limites e dê passos curtos. 

Por isso, muitas vezes é recomendado trabalhar essas questões por meio da psicoterapia, já que através dela, é possível criar uma maior conscientização, trabalhando as emoções individualmente e aprender a se relacionar com o mundo de maneira mais construtiva.

Agora você já sabe o que é apego evitativo

Através desse conteúdo buscamos apresentar algumas características do estilo de apego evitativo, e quais são os fatores que influenciam o seu desenvolvimento.

Se você se identifica ou conhece alguém com essas características, não hesite em procurar orientação psicológica para conseguir desenvolver melhores relacionamentos sociais.

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