maio 2023
Leitura: 19 min.
O autismo infantil, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um tipo de desordem que afeta o desenvolvimento infantil.
Os sinais do autismo infantil podem ser observados desde os primeiros meses de vida, podendo envolver a manifestação de dificuldades tanto no desenvolvimento cognitivo quanto no social.
E, os pais muitas vezes têm dificuldades em diferenciar o que pode ser um atraso no desenvolvimento natural, para um atraso causado pelo autismo.
Portanto, possuem um papel fundamental no diagnóstico do autismo infantil em crianças, pois nessa fase são quem possuem maior contato com a criança.
Assim, é importante conhecer mais informações sobre esse transtorno, como identificá-lo e como obter um diagnóstico clínico.
Pensando nisso, elaboramos um conteúdo completo para que você possa tirar suas principais dúvidas sobre autismo infantil.
Sumário
O que é autismo infantil?
O transtorno do espectro autista (TEA), ou o autismo infantil, é um tipo de distúrbio do neurodesenvolvimento, caracterizado pelo desenvolvimento atípico de bebês e crianças.
Essa condição modifica a maneira como a criança lida e se comunica com o ambiente ao seu redor, e pode se manifestar através de diferentes características comportamentais como: déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e etc…
As características de autismo, por sua vez, podem ser percebidas a partir dos primeiros meses de vida, e na maioria dos casos obtêm-se o diagnóstico por volta dos 2 ou 3 anos de idade.
Estudos indicam que quanto mais cedo a criança obter o diagnóstico clínico, melhores serão os resultados no desenvolvimento da criança com autismo infantil.
Graus de autismo infantil
No autismo infantil cada indivíduo é diferente, e por isso falamos muito sobre “espectro autista”. Dentro do espectro autista existem vários níveis, ou também conhecidos como graus de autismo.
Cada um dos graus de autismo infantil possuem diferentes características, e também vão ajudar a determinar alguns padrões de um indivíduo.
Eles podem ir de leve a severo, podendo ser acompanhado de condições secundárias, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), distúrbios do sono ou dificuldades motoras.
Para que você possa entender um pouco mais sobre o espectro autista, é preciso conhecer os níveis de autismo:
Nível 1 – Autismo infantil leve
Crianças, ou pessoas, que se enquadrem dentro do espectro autista de nível 1 costumam ser mais restritivas a determinados assuntos, e muitas vezes vão manter sua atenção e focar apenas a um assunto específico.
Ou seja, o hiperfoco é uma das características mais marcantes dentro do autismo infantil nível 1.
A criança pode se interessar por objetos muito específicos, gostar de brincar com apenas um ou dois brinquedos.
Não é incomum que a criança goste de muito de um personagem ao assistir um filme ou um desenho animado.
Há também outras características típicas de autismo leve:
- Movimentos repetitivos
- Problemas na comunicação e interação social
- Dificuldade em iniciar e manter uma conversa
- Dificuldade em fazer perguntas durante a conversa
- Evitar olhar nos olhos durante a conversa
- Dificuldade em sair de casa e interagir socialmente ou sair da zona de conforto.
Na maioria das vezes, crianças com autismo infantil de nível 1 requerem uma menor necessidade de apoio no dia a dia.
Nível 2 – Autismo infantil moderado
A criança que apresenta autismo infantil de nível 2, quando comparados ao nível 1, precisam de um pouco mais de suporte.
Elas podem ter dificuldade em atividades simples da vida cotidiana como comer, trocar de roupas, escovar os dentes e tomar banho.
Entretanto, é difícil estimar ou estabelecer o quão necessário será o suporte, pois cada criança com autismo é diferente.
As características principais do autismo de nível 2 não diferem tanto das características do autismo de nível 1. Podemos destacar:
- Pouco ou nenhum contato visual
- Apresentar resistência ao toque
- A criança apresenta predileção por objetos que não causam interesse em outras pessoas
- Brincar de maneira diferente das outras crianças (exemplo: colocar o carrinho de ponta cabeça e girar as rodinhas
- Não desenvolver a fala ou desenvolver pouco até os 2 anos
Nível 3 – Autismo infantil severo
Crianças, ou pessoas, que se enquadrem no nível 3 costumam ser mais dependentes de seus cuidadores.
Demandam maior necessidade apoio para realizar as tarefas do dia a dia como tomar banho, comer ou se vestir.
Elas costumam ter graves déficits na comunicação e interação social e também nos padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Os sinais de autismo de nível 3 podem ser mais perceptíveis do que os de outros graus do espectro, como o autismo leve.
Dentre as características do autismo infantil de nível três podemos destacar:
- Dificuldade de comunicação social
- Déficits graves nas habilidades de comunicação verbal e não-verbal
- Dificuldade para iniciar interações sociais
- Respostas atípicas
- Comportamentos restritos e repetitivos
- Inflexibilidade de comportamentos
- Extrema dificuldade em lidar com a mudança
- Comportamentos restritos e repetitivos interfere acentuadamente no funcionamento em todas as grandes esferas
- Grande sofrimento ou dificuldade para mudar o foco ou as ações
- Pouco ou nenhum contato visual
- Apresentar resistência ao toque
- A criança apresenta predileção por objetos que não causam interesse em outras pessoas
- Brincar de maneira diferente das outras crianças (exemplo: colocar o carrinho de ponta cabeça e girar as rodinhas
- Não desenvolver a fala ou desenvolver pouco até os 2 anos
Sintomas de autismo infantil
Depois de conhecer e compreender os diferentes graus dentro do espectro autista e como cada nível pode afetar de maneira diferente o desenvolvimento, portanto conheça quais são os sinais de autismo em cada fase da vida.
Autismo em bebês
O atraso no desenvolvimento para aqueles com autismo infantil pode ser observado através dos marcos esperados que o bebê desenvolva em cada idade.
Alguns dos principais marcos são sentar, engatinhar e andar, mas a pessoa cuidadora pode observar um desenvolvimento atípico na comunicação, seja ela por gestos ou falada.
Conheça alguns marcos esperados para bebês não autistas de acordo com a idade:
- 1 a 3 meses: Consegue perceber o rosto, sorri, segue objetos com o olhar, reage a estímulos sonoros, fica de bruços.
- 4 a 6 meses: agarra objetos com a mão, busca estímulos sonoros e vira o rosto em direção a eles.
- 6 a 9 meses: Senta, engatinha, reage a pessoas estranhas e balbucia algo.
- 12 meses: Dá os primeiros passos, consegue bater palmas, segura a mamadeira, acena, fala as primeiras sílabas, segura a mamadeira, pinça completa.
- 18 meses: Anda, fala as primeiras palavras, rabisca, compreende ordens, dá nome aos objetos e usa talheres.
- 2 a 3 anos: Fala o próprio nome, forma frases simples, corre, tira peças de roupa, brinca e interage com outras crianças.
Alguns dos sintomas de autismo infantil em bebês dos 12 a 24 meses de vida, são:
- Não há reação a estímulos sonoros: É esperado que até os 6 meses de idade bebês busquem e reajam a estímulos sonoros, ou barulhos como o de um objeto caindo.
- Não há produção de sons: O bebê com autismo infantil não chora, ou então não produz sons e balbucios.
- Inexpressividade: Logo nos primeiros meses de vida podemos esperar algumas expressões faciais como sorriso, cara de choro, a língua pra fora e bocejem. Bebês com autismo infantil não apresentam expressões faciais.
- Bebê não responde quando é chamado: o bebê não responde ao chamado e não olha na direção do som.
Anos iniciais do desenvolvimento infantil
O autismo infantil também pode ser diagnosticado na primeira infância, principalmente nos anos iniciais, quando a criança começa a ganhar mais autonomia e interagir com o mundo ao redor.
Por isso, é importante observar nessa criança lida com as interações que estão ocorrendo dentro do ambiente familiar como as rotinas, alimentação, ambiente, etc.
Crianças com autismo infantil podem apresentar ausência da fala, ou excesso da fala, além disso a dificuldade em entender piadas também é um outro ponto importante a salientar na comunicação.
Outros sinais de autismo infantil são:
- Inquietação ou agitação
- Pouco contato visual
- Dificuldade na comunicação e de se expressar (sentimentos, ideias, gostos, etc)
- Não responder o próprio nome quando for chamado
- Comportamentos repetitivos
- Maior sensibilidade ao ambiente, principalmente com sons, cheiros, luzes, etc;
- Dificuldade de socialização com outras crianças
- Preferência por brincar sozinho
- Evita qualquer contato visual
- Hiperfoco em personagens, cores, ou música específica
- Não se adapta facilmente a acontecimentos imprevistos
Existem outros sinais que podem a se considerar dentro do espectro autista e dos graus de autismo infantil, por isso é importante obter um diagnóstico o quanto antes e começar a trabalhar essas questões o quanto antes.
Diagnóstico
Se você suspeita que seu filho ou alguma criança próxima possa ter autismo infantil, saiba que o diagnóstico de TEA é um diagnóstico clínico.
Esse diagnóstico clínico é feito por meio de profissional especialista, ou seja, um médico especialista em autismo infantil que pode ser um neuropediatra ou um psiquiatra infantil.
Outros profissionais, principalmente, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos e nutricionistas também podem participar do diagnóstico.
O diagnóstico se dá por meio da avaliação da criança, próximo aos 18 meses onde também realiza-se uma avaliação comportamental.
Desse modo, também há uma etapa de entrevistas com os pais onde relata-se dificuldades de desenvolvimento ou comportamento da criança, além da aplicação de testes padronizados, como o M-CHAT.
Autismo infantil tem cura?
Não existe cura para o autismo infantil, entretanto o diagnóstico precoce aliado ao atendimento médico multidisciplinar e as terapias comportamentais são uma maneira de melhorar a qualidade de vida e diminuir o nível de dependência de uma criança autista.
Portanto, é importante obter o diagnóstico o quanto antes para que o tratamento e desenvolvimento da criança para que ela possa ter uma outra percepção de mundo.
Esse tratamento pode envolver o suporte de uma equipe multidisciplinar como pediatra, psiquiatra, médico neurologista, psicólogo e fonoaudiólogo.
Além disso, o tratamento também associa diferentes terapias com o objetivo de testar e desenvolver habilidades sociais e motoras, comunicação e organização.
Como os pais podem ajudar uma criança com autismo infantil?
Os pais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da criança com autismo infantil, pois devem dar suporte físico e emocional contribuindo com o desenvolvimento da criança.
Por isso é importante buscar informação e livros sobre autismo infantil podem ajudar e muito, por isso separamos três obras que podem ajudar a entender melhor o que é esse transtorno e como lidar com ele:
- SOS Autismo: O livro traz discussões sobre: o que é o autismo e suas causas, como se dá o diagnóstico, como brincar com as crianças, como tratar de uma forma eficiente, manejo de comportamentos inadequados, assim como a aprendizagem e a inclusão escolar.
- O Desenvolvimento do Autismo: Este livro aborda as necessidades de diferentes públicos, incluindo pais, terapeutas e profissionais da saúde, bem como estudiosos e pesquisadores do tema. Para quem está começando a estudar o autismo, o livro serve como uma introdução.
- Autismo – Um Olhar 360º: Os capítulos abordam desde a caracterização do transtorno, os problemas de comportamento decorrentes disso ao funcionamento do cérebro, e também explicam sobre fatores de comunicação, direitos, inclusão familiar e escolar.
Além disso, também é importante cuidar da alimentação da criança autista uso de suplementos e vitaminas para o bom funcionamento do cérebro, a prática de exercícios físicos e brincadeiras estimulantes.
Agora você já sabe tudo sobre autismo infantil
Nesse artigo, buscamos apresentar de uma maneira geral e objetiva o que é o autismo infantil, como reconhecê-lo e qual é o papel dos pais no diagnóstico e no desenvolvimento dos filhos.
Portanto, lembre-se que cada pessoa dentro do espectro autista é diferente, e o diagnóstico completo pode envolver o apoio de uma equipe multidisciplinar.
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