Lipedema:

fevereiro 2024

Leitura: 16 min.

O lipedema é uma condição que além de trazer prejuízos estéticos também pode causar problemas de saúde. Essa condição acomete principalmente mulheres, no entanto, também pode acometer homens. 

A maior preocupação por conta do lipedema é o comprometimento da mobilidade do indivíduo que pode ser resultado do excesso de gordura e causa prejuízos à qualidade de vida do indivíduo.

Por isso, é importante conhecer mais informações sobre essa condição e como pode ser realizado o tratamento para ela. 

O que é lipedema? 

O lipedema é uma condição caracterizada pelo acúmulo desproporcional de gordura nas pernas, ou nos braços em comparação ao tronco.

Frequentemente, essa condição é confundida com obesidade ou celulite, embora seja uma condição de saúde distinta

A gordura do lipedema é diferente da gordura da obesidade, pois tende a formar nodulações no tecido subcutâneo e também resulta em inflamação. 

Ou seja, o lipedema é uma doença inflamatória crônica e progressiva do sistema linfático e adiposo, e está frequentemente associado com alterações no sistema vascular e linfático. 

Essa condição afeta majoritariamente mulheres, e além da dor e do aspecto estético, pode comprometer a mobilidade e ter um impacto significativo na qualidade de vida.

Mulher com lipedema na perna

Qual a diferença entre lipedema e linfedema?

O lipedema não deve ser confundido com o linfedema, que é uma outra condição que causa aumento dos membros.

As pessoas com lipedema geralmente apresentam um tronco fino, e com um aumento de gordura abaixo da cintura, sem atingir os pés.

Já o linfedema é uma condição que se caracteriza pelo aumento da circunferência da perna que é resultante do acúmulo de líquidos no membro e compromete todo o membro incluindo o pé.

Ou seja, enquanto o lipedema causa o acúmulo de gordura, o linfedema está relacionado ao acúmulo de líquido. Portanto, são duas condições distintas e que deverão receber tratamentos distintos

Quais são as causas do lipedema? 

O lipedema é uma condição com origem hereditária, ou seja, mulheres da mesma família tendem a desenvolver esta condição.

Entretanto, a causa exata ainda não foi compreendida pela ciência, porém acredita-se que tanto os fatores genéticos quanto hormonais possam desempenhar um papel importante no seu desenvolvimento.

Sabe-se que alguns momentos da vida da mulher propiciam o desenvolvimento do lipedema, como a puberdade, uso de anticoncepcional, gravidez e também a menopausa. 

Sintomas de lipedema

O lipedema pode surgir acompanhado de diversos sintomas, mas o prejuízo estético geralmente é o que leva a paciente a procurar alternativas de tratamento.

De uma maneira geral os sintomas de lipedema são:

  • Aumento desproporcional nos membros como braços ou pernas;
  • Cansaço;
  • Inchaço nas pernas;
  • Sensibilidade ao toque ou a pressão
  • Sensação de peso nas pernas;
  • Ou aspecto de celulite/flacidez;
  • Hematomas e manchas roxas que surgem com facilidade e de maneira espontânea;
  • Dor articular;
  • Distúrbios emocionais;

A questão emocional está muito associada à aparência do lipedema, depressão, ansiedade e até mesmo distúrbios alimentares podem levar a paciente a ter um aumento de peso que pode piorar a condição.

Além disso, mulheres com lipedema também estão mais propensas a terem lesão na articulação e atrofia muscular que pode resultar na perda de mobilidade. 

Estágios do lipedema

O lipedema nas pernas, na coxa, ou nos braços podem ser classificados de acordo com a região que ele afeta. Confira a classificação: 

  • Tipo I: Acomete a região do umbigo até os quadris, conhecido como lipedema na coxa;
  • Tipo II: Acomete até os joelhos com presença de tecido gorduroso na parte lateral e inferior dos joelhos;
  • Tipo III: Acomete até a região dos tornozelos com formação de “manguito” de gordura logo acima dos pés;
  • Tipo IV: Acomete os braços e pode estar associado dos tipos II e III;
  • Tipo V: Acomete apenas do apenas do joelho para baixo.

O lipedema ainda pode ser classificado em estágios que irão se referir à evolução ou a gravidade da doença.

Ele pode evoluir para quatro estágios distintos, confira as características abaixo: 

  • Estágio 1: A aparência da superfície da pele é normal, entretanto ocorre um aumento da gordura no tecido subcutâneo, além da presença de nódulos ou bolhas de gorduras como se fossem pérolas em baixo da pele. 
  • Estágio 2: A pele se torna irregular, um pouco mais flácida do que o esperado para a idade e com aspecto de celulite, e os nódulos que podemos palpar ficam maiores.
  • Estágio 3: A flacidez da pele aumenta, com a presença de dobras de pele, que podem causar dificuldade para caminhar e se movimentar. Além dos nódulos, também observa-se áreas de fibrose, que são como cicatrizes por baixo da pele causadas pela inflamação crônica.
  • Estágio 4: todas as alterações descritas no estágio 3, com o comprometimento dos vasos linfáticos, ou seja, linfedema.
Mulher fazendo drenagem linfática

Qual médico trata lipedema?

Mesmo com todas as características descritas algumas pessoas ainda podem estar se perguntando “Como saber se tenho lipedema?”, isso porque é relativamente difícil, principalmente em estágios iniciais, diferenciar o lipedema de gordura comum. 

Desse modo, é aconselhável buscar um médico que pode ser um médico especialista, geralmente um cirurgião vascular, que deve estar familiarizado com os sintomas e poderá solicitar os exames adequados para o diagnóstico.

O diagnóstico de lipedema poderá ser feito com base nos sintomas clínicos, e também na avaliação médica.

O médico irá realizar um exame detalhado no qual poderá observar a gordura lipedema nas regiões afetadas e sua distribuição, bem como a presença de nódulos. 

Ele ainda poderá solicitar exames complementares para confirmar o diagnóstico:

  • Ultrassonografia com doppler: Para a obtenção de imagens detalhadas das artérias e veias. 
  • Densitometria óssea: perda de densidade mineral óssea ou a presença de osteoporose, condição em que os ossos se tornam mais finos e frágeis;
  • Linfocintilografia: ajuda a identificar possíveis disfunções ou obstruções no sistema linfático;
  • Ressonância magnética: capaz de avaliar a extensão e a distribuição do acúmulo de gordura nas pernas. 

Assim o médico poderá descartar outras condições importantes que podem ser responsáveis por causar edema nas pernas e pernas.

Como tratar lipedema? 

Lipedema tem cura? Infelizmente o lipedema é uma condição que não tem cura, entretanto existem diversas opções de tratamento que visam melhorar a qualidade de vida do paciente e retardar a progressão da doença.

O tratamento deverá ser personalizado e levando em consideração as necessidades individuais de cada paciente. 

Ainda, o tratamento geralmente é feito por uma equipe multidisciplinar que inclui médicos como dermatologistas, cirurgião vascular, cirurgião plástico, ainda pode contar com fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos.

Depende muito de cada indivíduo, entretanto ao consultar com um médico especialista ele irá encaminhar para o tratamento e equipes mais adequadas. O tratamento poderá seguir utilizando-se diferentes abordagens terapêuticas:

Embora não exista uma cura conhecida para o lipedema, existem diferentes abordagens terapêuticas para aliviar os sintomas e prevenir complicações. Em síntese, o tratamento passa pelo estilo de vida, que precisará ser o mais saudável possível.

O tratamento do lipedema tem como objetivo controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida do paciente e evitar a progressão da doença. Entre os principais tratamentos para o lipedema temos:

  • Terapia de compressão: Consiste no uso de meias de compressão que podem ajudar a controlar o inchaço e a dor, melhorando a circulação sanguínea; 
  • Drenagem linfática manual: É uma técnica de massagem terapêutica que ajuda a reduzir o inchaço e melhorar a circulação linfática. 
  • Mudanças de hábitos: visa na adoção de medidas que promovem a redução de estresse, melhoria da qualidade do sono, evitar o tabagismo, seguir uma dieta anti-inflamatória e exercícios específicos, além de cuidar de doenças concomitantes.
  • Lipedema Cirurgia: A cirurgia pode ser recomendada em alguns casos a lipoaspiração é indicada para remover o excesso de gordura e aliviar os sintomas do lipedema. 
  • Prática de atividade física: Visa no controle do peso, para melhorar a mobilidade  e evitar o sedentarismo. 
Meia de compressão para Lipedema

Lipedema tratamento natural

Agora que você já sabe quais são os principais tratamentos para reduzir os sintomas de lipedema, é importante reforçar que a mudança de hábitos e estilos de vida é fundamental para que você observe melhorias.

Embora não existam remédios para lipedema específicos, é possível reduzir as dores e conviver bem com a condição.

A alimentação é um pilar fundamental para a condição, e por isso é importante fazer um acompanhamento com o nutricionista para evitar alimentos que possam provocar a inflamação nos tecidos.

Esse profissional poderá criar uma dieta antiinflamatória para lipedema. Além disso, separamos algumas dicas de alimentação para você criar um menu de dieta lipedema: 

  • Dê preferência por incluir na sua alimentação alimentos ricos em fibras, como grãos integrais, frutas frescas e legumes durante a semana;
  • Evite alimentos que sejam ricos em açúcar e adoçantes;
  • Escolha carnes magras para consumo, aves sem pele, peixe;
  • Evite o consumo exagerado de carne vermelha rica em gordura (costela, bacon e picanha);
  • Evite o consumo de alimentos ultraprocessados;
  • Escolha gorduras monoinsaturadas (azeite, abacate e nozes) e ômega-3 (salmão, atum, sardinha, nozes e linhaça) rico em DHA;
  • Diminua o consumo de gordura saturada, ou seja, manteiga, leite integral, queijo, entre outros;
  • Evite gordura trans, presente em alimentos como margarina, bolachas, biscoitos e chocolates;
  • Consuma uma grande variedade de grãos integrais, frutas frescas e legumes durante a semana;

Além disso, manter a atividade física regular com exercícios aeróbicos e musculação, não só para promover a perda de peso, mas também contribuir com o fortalecimento muscular reduzindo o risco de lesões. 

O acompanhamento clínico e psicológico é uma ótima maneira de reduzir a ansiedade, e os problemas psicológicos que podem vir a surgir com a autoimagem.

Agora você já sabe o que é essa condição

Através desse conteúdo, buscamos apresentar o que é o lipedema, quais são os sintomas e as principais formas de tratamento.

Muitas vezes o diagnóstico de lipedema é demorado, uma vez que ele pode ser confundido com outras condições, por isso é importante buscar um médico de confiança para seguir com o tratamento.

Se você tem lipedema, procure também um atendimento psicológico especializado, pois mudanças de hábitos e de estilo de vida são essenciais para conviver bem com essa condição.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Copy link
Powered by Social Snap